De um lado, a Companhia Edison do grande inventor norte-americano Thomas Alva Edison (1847-1931), partidária da corrente contínua (CC), e do outro lado, a Companhia Westinghouse do engenheiro norte americano George Westinghouse (1846-1914), que contava com a colaboração de Nikola Tesla (1856 -1943), inventor, físico e engenheiro, que concebeu a transmissão de energia elétrica por corrente alternada (CA).
Defensor da corrente contínua, Edison acusava a corrente alternada de ser perigosa demais. Seu principal adversário científico era Tesla que trabalhava para Westinghouse, cuja empresa vinha ganhando concorrências para fornecer energia e produtos mais baratos que Edison.
Edison afirmava que “tão certo como a morte, é que Westinghouse irá matar um consumidor no período de seis meses após colocar em funcionamento seu sistema de corrente alternada”.
Edison jogava pesado. ele fazia demonstrações públicas da diferença entre as correntes. Primeiro, aplicava sucessivos choques de 300, 400, 500 e 700 volts de corrente contínua em um cão vira-lata. O animal sofria, mas sobrevivia. Logo depois, ao primeiro choque de 500 volts de corrente alternada, o pobre animal se contorcia e caia, morto.
Para Westinghouse, esses experimentos não eram científicos e apenas mostravam o desespero de Edison, por estar perdendo o mercado de eletricidade para ele, que vendia produtos melhores e mais baratos.
Isso era em parte, verdade.
Mas afinal de contas por que a corrente alternada é mais perigosa que a corrente contínua?
Três fatores contribuem decisivamente para que isso ocorra:
- Os efeitos da CA no corpo dependem amplamente da frequência, correntes de baixa frequência (50 a 60 Hz), são mais perigosas que correntes de alta frequência e três a cinco vezes mais perigosas que CC da mesma voltagem.
- A CC tende a causar uma contração convulsiva, forçando a vítima a se afastar do ponto energizado, já a CA de baixa frequência produz contração muscular prolongada (tetania), que pode “congelar” a mão na fonte da corrente, prolongando a exposição.
- De um modo geral, a impedância do corpo humano é maior para CC do que para a CA, fazendo com que o valor da corrente para uma dada tensão em CC, seja menor do que para a mesma tensão em CA.
Porém a corrente alternada tinha uma vantagem insuperável sobre a contínua, ela podia ser transformada, o que possibilitava sua transmissão a vários quilômetros de distância, enquanto a contínua podia apenas atender a blocos limitados de carga, situados a curta distância da fonte geradora.
Transmiti-la a longa distância geraria um custo enorme. Com seu sistema, Westinghouse conseguia levar energia a um custo razoável para casas e escritórios fora do alcance de Edison, mas também era mais perigosa para o homem do que a corrente contínua.
Em 1881 Edison, incentivou Harold P. Brown e Arthur Kennelly, dois de seus auxiliares diretos, criar com base na ideia do Dr. Albert Southwick, um dentista, a cadeira elétrica tendo como inspiração os próprios “testes” que Edson vinha fazendo com cachorro, bois, cavalos e até um elefante.
Em 6 de agosto de 1890, William Kemmler, por ter assassinado sua mulher a golpes de machado, foi condenado a morte inaugurando o uso da cadeira elétrica em execuções de condenados à morte.
Mas em 1892 a batalha das correntes terminou com a criação da “General Electric”, a fusão da empresa de Edison com a “Thomson-Houston”.
Esse fato marcou a derrota total da empresa de Edison na “guerra das correntes”, pois ela perdeu sua identidade como empresa comprometida com a corrente contínua.
Em 1917, mais de 95% da eletricidade gerada e transmitida nos Estados Unidos já era em corrente alternada.
As execuções na cadeira elétrica persistem até hoje nos Estados Unidos, embora sejam raras. O método mais difundido é a injeção letal.
Até abril de 2003, 4432 homens e mulheres haviam sido executados na cadeira elétrica.
Saiba mais sobre esse assunto acessando: http://historia.abril.com.br/ciencia/cadeira-eletrica-maquina-mortifera-433800.shtml
Decio Wertzner – fevereiro – 2023